domingo, 7 de junho de 2020

ESCADA SUBÚRBIO FERROVIÁRIO - SALVADOR-BA


ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS DE ESCADA







 ESCADA


A comunidade de Escada, está localizada a Oeste da cidade do Salvador, as margens da Baía de Todos os Santos,  assim como o bairro do Alto da Terezinha fazem parte da Prefeitura Bairro II, Subúrbio/Ilhas, segundo delimitação da lei n.º 9 278, de 20 de setembro de 2017, Prefeitura Municipal.  Originaram-se a partir do loteamento da Fazenda Grande de Itapuã, pertencente ao Coronel Durval Hermelino Ribeiro (30/08/1840 a 02/10/1911), falecido aos 71 anos.

1.0 – TOPÔNIMO

O nome Escada, se deve a que, no século XVIII, a Capela da Fazenda ganhou uma imagem de Nossa Senhora de Escada proveniente de Portugal, até hoje cultuada por pescadores católicos de uma localidade as margens do Rio Tejo.


2.0 – IGREJA DE NOSSA SENHORA DE ESCADA

 

A Igreja de Nossa Senhora de Escada fica no alto de uma colina em frente ao mar da baía de Todos os Santos. Há muito tempo que existe essa capela, provavelmente desde o final do século XVI. Sabe-se que foi construída junto a antiga aldeia indígena de Itacaranha, nas terras que pertenciam a Lázaro de Arévelo que, reconstruiu a capela com pedras de calcário.


O padre José de Anchieta esteve na Igreja no ano de 1566, para recuperar a saúde. Esse fato pode ser comprovado através de um documento que o padre Baltazar Fernando deixou no arquivo secreto do Vaticano (Itália) no ano de 1619.

 

Os estrangeiros que chegavam aqui logo percebiam que a brisa proveniente da Baía de Todos os Santos trazia o calor e umidade do mar. Isso fazia bem a saúde e o bem estar.


A Capela de Nossa Senhora de Escada foi doada para os franciscanos, no ano de 1572.
Em 1576, serviu como esconderijo do senhor de engenho Sebastião da Ponte, protegido pelo Bispo Antônio Barreiros. Sebastião da Ponte estava sendo procurado para ser preso por ordem do Rei de Portugal. Ele havia ”ferrado”, ou marcado com ferro em brasa, um homem branco (como se fazia na mesma época, com os africanos e índios brasileiros escravizados). Houve um grande conflito, entre o Bispo Antônio Barreiros e o governador Luís de Brito Almeida, por esse acontecimento.

No século XVIII, a Igreja de Escada ganhou a imagem de Nossa Senhora, que ainda podemos ver detrás do altar. O altar que hoje existe foi instalado no século XIX. Desde a implantação da estrada de ferro, a paisagem foi prejudicada pelo corte dado à colina onde esta situada. No século XX, em 1957, o governo fez uma análise da Igreja para transformá-la em patrimônio nacional, um monumento para ser preservado e contemplado por todo o país. Em 1962, a Igreja estava quase em ruínas, nesta ocasião ela foi tombada, passou a ser patrimônio histórico do Brasil. A reforma só foi concluída em 1966.





3.0 - INVASÃO HOLANDESA NA BAHIA.

A história do Brasil também faz referência à Igreja de Escada como próxima ao local de desembarque de Maurício de Nassau e sua tropa, no dia 9 de abril de 1638. Eram os holandeses que tentavam  em vão ocupar Salvador, com 3.400 europeus e 1.000 índios. Nos dias seguintes, Nassau apossou-se de alguns fortes, construiu trincheiras e baluartes (fortalezas de apoio). A guerra durou seis semanas, mas os defensores contaram com a ajuda da população, que mandava sem cessar, embarcações carregadas de farinha de mandioca de Camacam para alimentar a tropa. Veio também muito gado de Itapicuru e do Real. Os holandeses tiveram que tocar em retirada de volta para Recife onde estavam instalados.




4.0 - CORONEL DURVAL HERMELINO RIBEIRO

Durval Hermelino Ribeiro, nascido em 30/08/1840, falecido em 02/10/1911, aos 71 anos, antigo proprietário da Fazenda que deu origem a comunidade de Escada, integrava a Guarda Nacional Estado Maior da Bahia, recebeu a patente de Coronel Comandante no século XIX, foi um influente Srº de terras, sua Fazenda  estendia-se de Escada, Oeste da cidade do Salvador até o bairro de Itapuã, Leste da cidade.



4.1 -VEREADOR DA CIDADE DO SALVADOR

O Coronel Durval Hermelino Ribeiro foi vereador da cidade de Salvador com 44 (quarenta e quatro) anos de idade, segundo o ALMANACH DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS PARA a legislatura de 1884, QUARTO ANNO, BAHIA: Câmara Municipal VEREADOR:


4.2 – RELAÇÃO DE VEREADORES DA CÂMARA MUNICIPAL DO SALVADOR DO ANO DE 1884, ONDE CONSTA O NOME DO ENTÃO TENENTE DURVAL HERMELINO RIBEIRO.


ALMANACH DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS P A R A 1884

QUARTO ANNO
BAHIA

Câmara Municipal

Presidente—Dr. Augusto Ferreira Fiança.
Vice presidente—Coronel Manuel Jeronymo Ferreira.
Secretario—Bellarmino Soares de Andrade.
Official-maior—Capitão Manuel Rodrigues Valençà.

Vereadores—Tenente-coronel Pedro Alves de Lima Gordilho.
Francisco Pereira da Rocha.
Felippe Rodrigues Monteiro.
Tenente-coronel Leobino Cardoso Lisboa.
Tenente coronel Joaquim Caetano de Almeida Couto Júnior.
Francisco de Freitas Paranhos.
Capitão Leopoldino José Teixeira Barbosa*
Commendador João Rodrigues Germano.
Luiz de Oliveira Vaaconcellos.
Tenente Durval Hermelino Ribeiro.
Dr. Manuel Teixeira Soares.
Dr. Militão Barbosa Lisboa.
Capitão João da Silva Bahia.
Antônio José Machado Júnior.
Capitão João Gonçalves Tourinho.


5.0 – DURVAL HERMELINO RIBEIRO SOBRINHO

Sobrinho do Coronel Durval Hermelino Ribeiro, nascido em 11 de janeiro de 1877, foi casado, de acordo com informações em seu jazigo na Igreja de Nossa Senhora de Escada.

Integrou a Guarda Nacional. Por decreto de 23 de abril de 1906, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi nomeado  para a patente de Tenente-coronel-comandante do Estado-maior da Guarda Nacional, Estado da Bahia, Comarca de Camisão, conforme Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906.

Não obstante, Durval Sobrinho, 7 meses e três dias após ser nomeado Tenente-coronel da Guarda Nacional, veio a falecer, com 29 anos de idade, em 26 de novembro de 1906.

DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, ainda ocupou o cargo de subcomissário de segurança pública, distrito de Pirajá, segundo reportagem do jornal A BAÍA, 28-12-1904, sobre violência, matéria abaixo:

Tema Violência.
Órgão de imprensa: A BAÍA.
Data da semana: 28-12-1904.
Dia da semana: Quarta-feira.
Manchete: Em Pirajá.

Texto:

“Maria de S. Pedro da Selva, de 21 anos, crioula, solteira, residente em Plataforma, pediu na véspera de Natal, licença ao seu companheiro para ir passear em Periperi, prometeu voltar na segunda-feira, aconteceu, porém, que não tendo voltado, o seu companheiro e mais quatro amigos deste, armados de facas, navalhas etc., foram à Periperi e invadiram, às 10 ½ horas da noite de ontem, a casa de Almerindo Eugênio da Cunha, com o fim de retirar, a força, a rapariga, que ali tinha ficado, não levando a efeito tal intento devido a patrulha ir passando na ocasião, e ter acudido, prendendo-os em flagrante, e remetendo-os, hoje, para a casa de Correção, à ordem do sub-comissário respectivo, Sr. capitão DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, conforme o livro: O Negro na Imprensa Baiana do Século XX.”


6.0 - MANOEL PINHEIRO DOS REIS

Genro do Coronel, casou com Delmira Ribeiro dos Reis, filha mais velha de Durval Hermelino Ribeiro, nomeado para a patente de CAPITÃO do 1º ESQUADRÃO DO ESTADO MAIOR DA GUARDA NACIONAL, Estado da Bahia, Comarca de Camisão, conforme Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906.

7.0 – PUBLICAÇÃO DO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO COM AS NOMEAÇÕES DE DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO PARA A PATENTE DE TENENTE-CORONEL-COMANDANTE DA GUARDA NACIONAL E DE MANOEL PINHEIRO DOS REIS, PARA CAPITÃO - 1º ESQUADRÃO DA GUARDA NACIONAL.

Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906

[...] Maio -IDES DIARIO OFFiE/ALCO Quinta-raira 17

Ministério da Justiça e Negócios
Interiores
Por decreto de 23 de abril ultimo, foram nomeados para a guarda nacional :
ESTADO DA BAHIA
Comarca de Brotas
35° batalhão da reserva
3° companhia -Capitão, Esta,nisláo Marques Gomes.
Comarca de _11"ázareth
72° batalhão da reserva
Éstado-maior -Tenente-coronel commandante, o tenente-coronel Henrique Felix dos Santos.
Comarca de Curralinho
·26° regimento de cavallaria
1° esquadrão -Capitão, Elpidio da Costa Noiva.
3° regimento de artilharia de campanha
Estado-maior -Tenente-coronel com mandante, o capitão Nicoláo de Coni.

Comarca de Camisao
0
75 regimento de cavallaria
Estado-maior -Major-fiscal, Augusto Bahiana, ;
Capitão-ajudante, Condido Fernandes do Oliveira ;
Tenente-quartel-mostre, João da Silva Fraga.

1° esquadrão -Capitão, Manoel Pinheiro dos Reis ;
Alferes, Amaro Joaquim Alves.
..1.
20 esquadrão -Alferes, João do Deus Ferreira.
3° esquadrão -Alferes, Chrispim das Chagas Lisboa.
760 regimento do cavalaria

Estado-maior -Tenente-coronel commandante, o capitão Durval Hermelino Ribeiro Sobrinho
Major-fiscal, João José de San-VA:ano ;
Capitão-ajudante, Reynaldo Salustiano da Silva.
Tenente-secretario, José Caetano da Costa Lima ;
Capitão-cirurgião, Dr. Joaquim José Ribeiro de Oliveira ;
Alferes-veterinario, Genainiano Eleuterio Pinto.
1° esquadrão-Tenentes, José Mauricio Ribeiro Lima e Isaias Emilio do Bomfim ;
Alferes, Odilon Sydronio Pinto.
2° esquadrão-Capitão, Hyppolito Sydronio Pinto ;
Tenentes, Eduardo Clarimundo dos Santos e Julio Augusto de Souza;
Alferet, Affonso Prudencio Marques.
3° esquadrão -Capitão, Carlos Francisco Actes ;
Tenentes, João Actos Carlos e Basilio Caetano de Oli-ir eira;
.
Alferes, Sizinio Ferreira dos Santos.
4° esquadrão-Tenentes, Pedro Corrêa de Almeida o Angelo Machado Caldas.
Alferes, Julio Jesuino da Gloria e Antonio Telles de Oliveira.



8.0 - FILHOS DO CORONEL DURVAL HERMELINO RIBEIRO:

a) Delmira Ribeiro dos Reis
b) Rosalina Ribeiro Genipapeiro – (Mãe: Maria da Paz Ribeiro)
c) Durval Hermelino Ribeiro Filho – (Mãe: Jardelina do Espírito Santo Reis)
d) Oscar Ribeiro (Foi Oficial do Exército Brasileiro, morou no Rio de Janeiro)
e) Gastão Ribeiro
f) Menininha (morou no Rio de Janeiro).



Organizador: Prof. Carlos Alberto Novaes Ribeiro.

( Pesquisa em andamento


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REFERÊNCIAS:




4 – Documento referente ao tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN, Livro Hietórico, Inscrição: 340, Processo sob o nº. 0560-T, de 11/4/1962.

6 – O Caminho das Águas em Salvador:
Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes/Elisabete Santos, José Antônio Gomes de Pinho, Luiz Roberto Santos Moraes, Tânia Fischer, organizadores – Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010.
486p. il; - (Coleção Gestão Social).

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